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Sem essa de justificativas – sinto-me desapontada ao assistir a nossos representantes ou gestores culturais valendo-se de frases superficiais para expor, sem nenhuma consistência, a falta de acessibilidade nos musicais, shows, festivais, eventos, teatros e museus.

Nenhuma justificativa é aceitável para que os espaços culturais, como quaisquer outros, não estejam acessíveis ou adaptados, nem mesmo o de que os prédios em que elas se dão são históricos, tombados pelo patrimônio.

Atenção! Ainda que muitos não saibam, a cultura faz parte dos direitos humanos e, como tal, toda e qualquer pessoa humana é titular do direito de acesso à cultura.

Percebemos uma forte tendência assistencialista quanto ao atendimento do público com deficiência. Essa prática dificulta e muito a criação e o desenvolvimento de projetos diferenciados, além de impossibilitar a participação, independência e autonomia nos processos de fruição da cultura e arte.

Ampliando o foco – É preciso ampliar o olhar para além das rampas, elevadores e banheiros. A importância da acessibilidade para a cultura está em fazer com que o Estado e as políticas culturais cumpram seu papel com cidadania.

Mas, ainda são poucos os agentes e gestores culturais capacitados e comprometidos com a acessibilidade.

O direito à cultura é um direito básico e, ao expressá-la como prática e como vida, acessibilidade tem outro papel, fundamental e incentivador do convívio com as direrenças.

“O último sinal foi dado!” Chegou a hora de rompermos com os preconceitos seculares impressos em nossos comportamentos, que também são uma expressão cultural, e promovermos a conscientização dos gestores culturais das necessidades de propor ações e criar programas que garantam o acesso das pessoas com deficiência.

Informação é a luz no fim do túnel – Para a organização dos eventos acessíveis, algumas demandas são conhecidas, porém essenciais, principalmente no que diz respeito ao atendimento ao público.

Já percebemos diversas medidas adotadas no Brasil para a implementação das políticas públicas inclusivas e culturais. Como exemplo, podemos citar o curso de especialização em Acessibilidade Cultura promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Além da oportunidade para que os profissionais da área sejam especializados para atuarem frente às políticas culturais, o curso também redimensiona o pensar, não só na importância de promover a acessibilidade cultural para as pessoas com deficiência, mas como também de se questionar a importância da acessibilidade para a cultura.

A cena por aqui – Em Vitória, são pouquíssimos, ou quase nenhum, os espaços culturais plenamente acessíveis, e existem várias possibilidades para o desenvolvimento de projetos na cena cultural daqui ou de qualquer outro lugar, porém, maneiras diferentes de gestão.

E a base para a efetivação dos projetos e políticas deve ser sempre a cultura como direito humano e a acessibilidade como instrumento do acesso à cultura.

O espetáculo tem de continuar – e para todos! A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência dedica o artigo 30 à participação das pessoas com deficiência na vida cultural. No entanto, bem mais que uma condição de direito humano e legal, poder vivenciar, conhecer, participar e apreciar a cultura é uma das atividades mais ricas e prazerosas na vida de qualquer um de nós.

Mariana Reis – Consultora em acessibilidade
Jornal A Tribuna – 16 de junho de 2015
Coluna Livre Acesso

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Amor ao esporte – Antes de escrever sobre o tema, perguntei-me como poderia expressa tamanha ligação que tenho com o esporte – especialmente, o ballet e mais precisamente, a ginástica artística – para abordar, de forma diferente, tudo o que todos já sabem sobre a importância da prática de uma atividade física.

Difícil chegar a uma conclusão. Mas de uma coisa tenho certeza: foi graças a todo esse movimento que minhas resistências lá no início, diante do desconhecido devido ao acidente que me levou a usar cadeira de rodas, quase não existiram.

A consciência corporal adquirida com as muitas horas de ensaios e treinos possibilitou uma (RE)leitura bem mais suave e descomplicada sobre o meu “novo” corpo e daí para a faculdade de Educação Física – depois da de Administração de Empresa – foi um pulo!

Vamos trabalhar o coração? Vai ser difícil num só texto colocar todos os benefícios que o esporte traz para a saúde física, mental e para o convívio das pessoas. Todo mundo sabe também que a prática regular de exercícios fortalece os músculos e aumenta a resistência. E seu coração, que também é um músculo, se beneficia, e muito, da atividade física, já que ela evita o surgimento de doenças cardiovasculares e reduz os sintomas de pessoas com problemas cardíacos pré-existentes. E para as pessoas com deficiência praticar esportes pode representar muito mais que saúde.

Verifique o quanto você é capaz! A atividade física e esportiva, em níveis variados, ajuda crianças, jovens e adultos com deficiência a adquirirem além de autonomia e independência, o resgate da autoestima, autoconfiança, relações pessoais e equilíbrio emocional. Mesmo quem tem uma deficiência severa pode praticar esportes, claro, sob a orientação de professores capacitados e habilitados.

O exercício físico previne as complicações secundárias à deficiência e impulsiona o indivíduo a descobrir que é possível ter uma vida normal e saudável. Mas, atenção! Todas as práticas esportivas devem ter um acompanhamento médico, essa é uma regra que vale para qualquer pessoa.

#Partiu? – Então, já que movimentar é a palavra de ordem, não importa se a pessoa com deficiência tem como objetivo atuar profissionalmente ou de forma amadora, “bora” procurar uma modalidade esportiva que se adeque às condições e limites e partir em busca das academias, praças, parques e clubes que desenvolvam as atividades pretendidas.

Ops! Calma lá! Não podemos deixar de falar que o esporte no Brasil, assim como a acessibilidade, não é colocado em primeiro plano pelos nossos representantes. Logo, as dificuldades para treinar, malhar, ainda que sejam em lugares públicos, não são e nem serão tarefa fácil, não é mesmo?

Vamos suar, mas de praticar exercícios! Como já falamos aqui, a acessibilidade vai além de ultrapassar barreiras arquitetônicas e junto a essas devemos associar as chamadas barreiras atitudinais dos cidadãos responsáveis pela execução e realização dos projetos de edificações e disposição interna dos equipamentos e materiais.

Logo, se faz necessário um olhar crítico e reflexivo sobre o direito que todos os cidadãos têm ao esporte e ao lazer não sendo somente algo para uma minoria privilegiada, nem um assunto secundário, mas sim como espaços e oportunidades onde é possível a inclusão e a participação de todos.

A prática de atividade física também é uma ferramenta importante na reabilitação de indivíduos com deficiência, pelos benefícios motores, psicológicos e sociais, além de ter como objetivos o lazer e a competição, considerados também aceleradores do processo de reabilitação. #partiutreinar!

Mariana Reis – Consultora em acessibilidade
Jornal A Tribuna – 09 de junho de 2015
Coluna Livre Acesso

 

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Quando a vida apronta pra cima da gente e nos dá uma rasteira, a autoestima vai lá embaixo, não é mesmo? Então, bora lá fazer uma mudança!

Quase sempre ajuda – Como nunca é fácil nos transformar internamente, ou até mesmo enxergar que precisamos mudar de atitude, que tal recorrer a um salão de beleza e dar aquele trato no visual?

Uma saída – De vez em quando lanço mão das exigências que uma mudança interna nos obriga e vou me embelezar com as mãos mágicas do meu cabelereiro. Sou cliente há quase 20 anos e de lá para cá poucas adaptações foram necessárias para quem, como eu, usa cadeira de rodas. Isso porque o salão é um dos – muuuuito poucos – que são acessíveis! Ufa!

É uma vergonha e é uma realidade – Não sei se em outros lugares é assim, mas aqui em Vitória as mulheres cadeirantes que gostam de se cuidar enfrentam muitos desafios. E o pior é saber que a aprovação dos projetos sem acessibilidade de salões e clínicas de estética é feita pelo município.

São muitos salões por aí! Como fiquei pensando neste assunto para a coluna, passei a observar a quantidade de salões que existem pelo caminho que faço durante a minha rotina. E é sério, amigos leitores, foram mais de 15 entre minha casa até o local onde eu trabalho. É mole?

E são muitos sem acesso – Logo, salão de beleza é um estabelecimento comercial que existe bem mais perto da gente do que se imagina... Mas é triste saber que a grande maioria das pessoas com deficiência não consegue sequer chegar à porta. Isso porque as barreiras arquitetônicas são as mais diversas. Até aqueles que ficam nos shoppings – que “parecem ser acessíveis” – escondem as armadilhas dos lavatórios.

Vejam que boa ideia! – A perseverança e a criatividade são nossos aliados para ficarmos mais belos. E olhem isso: após ouvir de um cliente cadeirante que era a sexta vez que tentava entrar em um salão de beleza, mas não conseguia – por causa da falta de acessibilidade –, um empresário decidiu criar um serviço itinerante para pessoas com deficiência, o Acessibilidade Cabeleireiro Delivery. Não é sensacional?

“Tem espaço na van” – A van adaptada percorre todo o Distrito Federal (Brasília também tem coisa boa e pessoas que trabalham de verdade) e conta com equipamentos profissionais que podem ser encontrados em um estabelecimento comum, desde o lavatório até os acessórios. Essa infraestrutura é o que diferencia o negócio do serviço prestado por cabeleireiros que atendem nas casas informalmente. E você pode fazer tudo o que quiser!

Vamos fazer também!? O investimento total foi de R$ 60 mil. Segundo o empresário, o faturamento triplicou em relação ao período em que trabalhava em um salão de beleza. “Atendo cerca de 30 clientes por mês, o que dá R$ 4.500. Não há concorrência, pois sou o único do DF que vai de van até a casa das pessoas para prestar serviço”. E a van funciona há apenas nove meses!

Cadeiras adaptadas – tesouras, secadores, produtos químicos e até um lavatório são levados na van. A água vem de um galão, que também é transportado. Ele leva também um aspirador para limpar os cabelos cortados que ficam no chão. Praticidade e conforto todos nós queremos, concorda?

Acordem empresários! Pode-se dizer que a verdadeira beleza de uma mulher não está na imagem que ela carrega, ou na maneira que ela enteia os cabelos... Mas se sentir e poder estar bonita e bem cuidada por profissionais facilitam, e muito, aquela mudança interna que mencionamos. Um bom corte, uma maquiagem e um salão de beleza sem barreiras melhoram a vida, aumentam a autoestima, promovem a inclusão, aumentam os lucros e trazem felicidade. #Partiu cortar os cabelos!

Mariana Reis – Consultora em acessibilidade
Jornal A Tribuna – 02 de junho de 2015
Coluna Livre Acesso

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Gostaríamos, mas não temos opção – Em Vitória a situação das calçadas, que já é ruim para todos os pedestres, torna-se ainda pior para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, como idosos, mães com carrinhos de bebê, obesos, ou deficiências temporárias.

Entre os diversos problemas enfrentados, estão as entradas de garagens que formam degraus, carros estacionados e outros obstáculos que interferem no caminhar das pessoas. E o privilégio concedido aos automóveis chega a criar barreiras intransponíveis para quem está a pé ou de cadeira.

O direito existe, mas... A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência das Nações Unidades, sobre “Acessibilidade”, afirma que todas as partes devem tomar medidas apropriadas para assegurar que as pessoas com deficiência estejam em condições de igualdade com as demais. Mas, em poucos minutos, um capixaba com deficiência ou mobilidade reduzida que pretenda deslocar-se vê os seus direitos humanos mais básicos violados.

Cuidado, o buracooo! O que deveria ser sinônimo de autonomia, as calçadas são verdadeiras armadilhas que, ao invés de nos guiar por um caminho seguro, para chegar até atendimentos de saúde, cinemas, igrejas, estabelecimentos comerciais, parques públicos, shows artísticos, nos levam diariamente a enfrentar perigos.

É preciso conscientizar e sensibilizar gestores e a população sobre a importância de construir, recuperar e manter as calçadas acessíveis e em bom estado de conservação.

Todos nós corremos riscos – O Brasil segue muito atrasado no que diz respeito à acessibilidade nas calçadas. O Censo de 2010 mostra que somente 4,7% das vias urbanas possuem rampas para usuários de cadeira de rodas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E vejam que interessante, um estudo do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que idosos e mulheres com sapato de salto alto são vítimas mais comuns de acidentes nas calçadas.

E o direito de ir e vir do artigo 5º da Constituição Federal? Qualquer pessoa deve ter o direito de chegar facilmente a qualquer lugar. Mas a disputa é grande com desníveis, buracos, inexistência de ligação entre ruas e calçadas, rampas fora dos padrões (aliás, esse assunto daria outro texto), lixeiras, pontos de ônibus, bancas de jornal, bueiros destampados, ambulantes e pisos escorregadios. Ufa! Que maratona!

Falta informação para a padronização – As rampas das calçadas “cidadãs” quase sempre são desafios para mim, isso porque nunca uma rampa é igual a outra – cada um faz de um jeito. Sem contar que o piso tátil, que na prática é usado até nas fachadas dos prédios como enfeite.

A Grande questão é que esses espaços, conforme determinam as leis, são de responsabilidade do proprietário do imóvel (isso também precisa mudar), e talvez por essa razão nos deparamos com as mais diferentes situações.

A calçada acessível deve atender aos critérios da NBR 9050/2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

A acessibilidade é boa para todos! O objetivo da acessibilidade é proporcionar a todas as pessoas, e, principalmente, às pessoas com deficiência, um ganho de autonomia. E as calçadas são os ambientes mais democráticos que existem já que impulsionam as atividades econômicas. Por meio delas chegamos ao trabalho, ao comércio, aos clubes, aos shoppings.

De quem é a responsabilidade? Cabe aos municípios fiscalizar e assegurar às pessoas que vivem em suas cidades o direito de acesso, permitindo o seu deslocamento com segurança, autonomia e livre de obstáculos físicos.

Tão importante quanto adequar os espaços públicos da cidade para garantir o acesso, é necessário que o Poder Público municipal não crie diariamente novas barreiras ao projetar ou executar uma nova obra pública ou adaptar uma obra já existente, ou ainda, aprovar projetos novos ou de reformas que não contemplem a acessibilidade.

Mariana Reis – Consultora em acessibilidade
Jornal A Tribuna – 26 de maio de 2015
Coluna Livre Acesso

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09

Hora do rush. Especialistas ouvidos pelo Metro sugerem algumas alternativas para enfrentarmos menos engarrafamentos

Em todo o Estado, há mais de 1,7 milhão de automóveis circulando. A Grande Vitória concentra quase metade dessa frota: são 710 mil somente em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra. Com tantos veículos na rua, fica cada vez mais difícil se locomover na região metropolitana, sobretudo nos horários de pico, que têm começado e terminado mais cedo. Se antes atravessar a Terceira Ponte estava difícil às 18h30, hoje já é possível pegar engarrafamento no final da tarde. Para motoristas e usuários do transporte público, congestionamentos são um tormento diário. Para o poder público, trata-se de um desafio para o planejamento da mobilidade urbana.

Com o aumento exponencial da frota de veículos, ampliar vias ou construir pontes e viadutos já não são mais suficientes. Especialistas entrevistados pelo Metro afirmam: é necessário (e urgente) adotar no trânsito medidas alternativas inteligentes.

Entre as soluções apontadas estão a adoção da “onda verde”, com mais tempo de semáforos abertos para veículos, liberando o tráfego nas principais vias das cidades, que geralmente fica retido nos cruzamentos; e a cobrança diferenciada de pedágio, ou seja, o motorista pagaria um valor menor em horários fora do rush.

O professor de Engenharia de Trânsito da Ufes e da Faesa Manoel Rodrigues reforça a ideia e explica que faltam bons investimentos de infraestrutura e uma predominância de políticas que priorizam o transporte individual. “O sistema BRT (corredor exclusivo para ônibus) pode trazer benefícios, mas não resolve, porque só temos um modo de transporte: o rodoviário. O solo está todo ocupado. Não adiante construir quarta, quinta ou sexta ponte. O que nos sobra, então? Inteligência no trânsito”, diz.

Integração

Os especialistas são unânimes ao afirmar que é fundamental a integração de modelos de transporte, com tarifa única, de preferência. A proposta está na integração do ônibus, por meio do BRT, com o aquaviário e o VLT (veículos leves sobre trilhos). “Mobilidade não é só trânsito, é também pedestre, ciclista. Só ciclovia não resolve”, explica o professor de Arquitetura da Ufes Tarcísio Bahia de Andrade.

Criar um ambiente propício para todos os modais é um pensamento compartilhado pelo engenheiro de tráfego e professor do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo) Leivisgton Jansen.

Ele explica que, mundo afora, as cidades estão sendo redesenhadas para que as pessoas caminhem mais. “Os governos concederam muitos benefícios para os carros e motos. Foi um tiro no próprio pé. Houve grande aumento da frota, e o trânsito é inviável. Deveríamos dar mais incentivos para os pedestres.”

São essas e outras ideias que você confere nesse link: http://www.ricardochiabai.com/galerias,9412,mobilidade.html  .

Por
Tiago ZanoliI - Metro Grande Vitória 
 

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