Segundo turno

Dois candidatos disputarão a Presidência da República, já que nenhum dos postulantes alcançou maioria absoluta no primeiro turno. Nos Estados haverá segundo turno onde nenhum candidato ao governo tiver obtido a maioria absoluta dos sufrágios. Este não é o caso do Espírito Santo que já elegeu Paulo Hartung. Em nosso Estado, no próximo dia 26 de outubro, a voz da cidadania consagrará, pela ordem alfabética: Aécio Neves ou Dilma Rousseff. A eleição direta do presidente da República foi uma conquista do povo brasileiro. Milhões foram às ruas pedindo eleições diretas. Os mais velhos lembram-se desta luta. Os mais jovens sabem do que aconteceu pela leitura de livros e de outros escritos, ou através de informações verbais. Preparem-se os que vierem a ver seu candidato derrotado a aceitar a vitória do que for escolhido. Preparem-se os vencedores para celebrar os louros sem menosprezar quem perdeu Este é o jogo democrático. Numa análise mais profunda da eleição, todos serão vitoriosos porque a democracia, um bem de todo o povo brasileiro, será vitoriosa. A escolha do presidente da República, dos governadores e até mesmo dos prefeitos não deve girar apenas em torno de nomes. O aperfeiçoamento do sistema democrático exigirá que, na oportunidade das eleições, sejam debatidas, com amplitude cada vez maior, propostas de governo e políticas públicas nos diversos campos administrativos, de modo que o povo seja o gerente de seu destino. A jornada cívica não termina no dia da eleição. O débito com o cidadão não é pago com o simples depósito do voto na urna. Cumpre participar da vida política, acompanhar a discussão dos temas que estejam em pauta e formar opinião a respeito deles. É lícito e recomendável pressionar deputados e senadores para que cumpram seus deveres puxando, por exemplo, a orelha dos parlamentares que faltam às sessões. A tribuna popular, franqueada a cidadãos que não são detentores de mandato, é um avanço. A Constituição permite que o povo tenha a iniciativa de leis, e essa importantíssima franquia deve ser utilizada, tanto em nível federal, quanto em nível estadual e municipal. O debate sobre os mais diversos temas deve ser acompanhado através dos jornais, do rádio e da TV. A meu ver não é de mau gosto ouvir a Voz do Brasil. Pelo contrário, este é um espaço onde todas as opiniões se manifestam. O povo pode acompanhar tudo que se discute através da Voz do Brasil, sem precisar de intermediários que muitas vezes omitem ou torcem os fatos e lhes dão urna interpretação tendenciosa.


JOÃO BATISTA HERKENHOFF é magistrado aposentado, professor e escritor. Artigo publicado no Jornal A Gazeta em 15/10/2014.

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