Queremos educação!

Nem pão, nem circo! O povo quer mesmo é ensino de qualidade. É o que indicam os resultados parciais da enquete Meu Mundo, iniciativa das Nações Unidas para eleger as seis prioridades globais pós-2015, prazo final de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Até agora, votaram 1,6 milhão de pessoas. Para a maioria, a educação vem em primeiro lugar, seguida, nessa ordem, por melhores condições de saúde e de trabalho, governo honesto e atuante, mais acesso a alimentos de qualidade e melhor saneamento básico. O Brasil é o sexto país com o maior número de participações espontâneas na sondagem, conforme demonstra o último balanço divulgado pela ONU. Aqui, votaram 42.512 pessoas, cuja opinião coincide com a tendência global. Ou seja, estamos alinhados ao anseio planetário por ensino de excelência, item mais importante para nossa população. A consciência dos cidadãos brasileiros e do mundo sobre o significado da educação pública para o desenvolvimento com justiça social confirma a necessidade de o país priorizar a solução dos problemas que, há décadas, vêm afetando o setor. Não podemos continuar tão defasados em relação a outras nações nessa área vital. O Brasil somou 410 pontos em leitura, dois a menos do que a sua pontuação na última avaliação, ocupando o 55. lugar no ranking entre 65 países. Quase metade (49,2%) dos nossos alunos não alcança o nível 2 de desempenho, numa escala na qual o teto é 6. Isso significa que não são capazes de deduzir informações do texto, de estabelecer relações entre diferentes partes da narrativa e nem compreender nuanças da linguagem. Em ciências (59º lugar) e matemática (58º), a situação não é melhor. Ante tais números, é notável que a produção brasileira de livros já alcance 500 milhões de exemplares anuais e que nosso mercado editorial seja o nono maior do mundo, com faturamento anual em torno de R$ 5 bilhões. Em 2012, tínhamos 178 milhões de leitores em potencial (habitantes com cinco anos ou mais). Metade, ou seja, 89 milhões de pessoas, envolveu-se com a leitura de pelo menos um livro no ano anterior ao estudo, e 64% desses leitores veem nos livros "uma fonte de conhecimento para a vida". Vencer a precariedade da educação é um desafio de todos os brasileiros. Para vencê-lo, não há atalho. É necessária uma política educacional de Estado, que não sofra solução de continuidade e priorize o ensino básico, com foco na aprendizagem do aluno.


KARINE PANSA é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)

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