Vocação para servir

Quando falamos em serviço público vêm nos à cabeça vários valores e conceitos relacionados a esse ramo profissional, como concurso, estabilidade e carreira, por exemplo. Mas, antes de sermos atraídos para essa seara, precisamos verificar se temos vocação em servir o público. Vocação deriva da palavra latina vocatio que, por definição, é a inclinação que alguém tem por fazer bem alguma coisa; já o verbo servir, no transitivo, remo mesmo significado de cumprir deveres ou fundias, auxiliar, exercer e satisfazer.

Logo, antes de ingressar em carreira publica, interessado não deve levar em conta apenas a segurança da estabilidade, a possibilidade de ascensão profissional e o plano de carreira oferecido; muito mais que isso, precisa examinar-se para saber se está realmente inclinado a cumprir deveres e funções que tenham como finalidade auxiliar e satisfazer as necessidades da população.

Há uma gama de carreiras nas mais diversas áreas do serviço público, mm poucas são as pessoas com capacidade de exercé-las de forma a atender seu cliente alvo com qualidade. O policial não deveria ingressar em carreira de polícia só por desejo pessoal, em simplesmente ser policial, mas sim em atender bem a população prestando-lhe serviços de qualidade no ramo profissional que escolheu.

Da mesma forma, um bacharel em Direito não deveria ingressar numa carreira jurídica pública simplesmente por ser promissora ou pelo status profissional que lhe vai conferir; e sim com um objetivo nobre, que é o de promover a justiça para os cidadãos que pagam seus impostos, recursos de que será extraida sua remuneração.

Se não tivermos vocação em servir, nos tomaremos servidores voléteis, sem objetivo, sem conteúdo, com reconhecimento pessoal alcançado, mas sem reconhecimento moral e ético da população que nos remunera.

O ingresso era uma carreira publica pode parecer difícil, embora muitos o consigam; poucos, porém, conseguem trabalhar nela cumprindo o dever segundo os princípios básicos da legalidade, da moralidade e da impessoalidade.

Carreiras públicas são essenciais para o funcionamento do Estado. Servidores que nelas se engajaram devem vestir a camisa para configurar a boa essência do Estado, que se forma pela comunhão do povo. Se os governos passam, o Estado permanece; e, junto com ele, seus servidores que, ingressados em seus quadros profissionais, tem a obrigação de defender os interesses do povo.


Rafael Lamas é auditor externo do Tribunal de Contas do ES e presidente da Ascontrol

Extraído do Jornal a Gazeta de 13/08/2014

Tags:

Leia também