Um novo olhar para o espaço público

Por Manoel Goes Neto *

Ao se popularizarem no Brasil, tendência mundial de atenção nas cidades, as bicicletas encontram obstáculos particulares:a desigualdade de nossos centros urbanos e a sociedade. Mesmo assim, a “turma do pedal”tem,a cada dia,ocupado mais e mais o espaço que lhe é de direito e cresce, a olhos vistos, aqui em nossas cidades,como também em outros grandes centros do país, esse importante movimento de ocupação social e urbano. Grandes empresas estão realizando,aqui na Grande Vitória, eventos de“pedaladas sustentáveis”, pois, além de ser um meio de transporte sustentável,a bicicleta também é uma excelente atividade física, para ser realizada individualmente ou em grupos. Além de estimular mais uma saudável prática esportiva, esses eventos colaboram para aproximar pessoas, quando novas amizades vão se formando e fortalecendo.

Nós do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha,atentos a essa nova manifestação popular, já agendamos para maio do próximo ano uma mostra de pinturas em telas e instalações, tendo como tema central as bicicletas ou “draisines” (protótipos inventados em 1817 pelo alemão Von Drais). A mostra artística será de responsabilidade da artista plástica capixaba Bianca Romano. O evento também promoverá um grande encontro de pedaleiros.

Registre-se, ainda, o resgate de uma cultura capixaba, que é de muito usar as bicicletas.Eu mesmo, em toda a minha infância, tive bicicletas. Lembro que tínhamos, em cada esquina, uma oficina ou loja de bicicletas, e hoje observamos esse mercado ressurgindo revigorado, o que é um excelente sinal.Seriam as bicicletas, então, a solução de transporte das grandes cidades? Sabemos que não é o meio mais importante. As bikes devem ser adequadas a pequenos percursos, complementados por ônibus adaptados,como o BikeGV,que possam levá-las junto com o seu condutor. Aqui em Vitória, esse serviço ainda é muito deficiente. Os ciclistas reclamam da pouca oferta desse tipo de ônibus,sempre atrasados e com lotação excessiva,causando desconforto se aborrecimentos aos usuários.

Essa é uma luta constante, que o coletivo tem que defender. Esses movimentos têm grande importância para a nova ocupação e transformação dos espaços públicos, principalmente na Grande Vitória, onde temos graves problemas de mobilidade e de trânsito.

* É produtor cultural do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha

Publicado em A Gazeta 10/11/15

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