Pessoa com Deficiências – Mais Respeito às Diversidades

Em todos os momentos da história da nossa sociedade, as pessoas com deficiências foram vítimas de comportamentos contraditórios de exclusão e inclusão, que foram mudando de acordo com as transformações sociais, as descobertas científicas e tecnológicas e as mudanças culturais e econômicas.

No Brasil, as primeiras iniciativas governamentais ocorreram entre os anos de 1854 e 1857, exclusivamente para atender aos deficientes visuais e auditivos. Somente após o ano de 1930 é que surgiram instituições, de caráter filantrópico, pioneiras na educação especial.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, há mais de 500 milhões de pessoas com deficiências no mundo. Na população brasileira, segundo o Censo de 2010 (IBGE), há cerca de 27 milhões de pessoas com deficiências, o que corresponde a 14,5% da população brasileira. Com suas famílias, eles passam a representar 25% de brasileiros afetados por essa realidade, lutando por seus direitos individuais e sociais.

Nos dias atuais essas pessoas são freqüentemente vítimas de preconceito e discriminação, diante de uma sociedade que privilegia os fortes e saudáveis e marginaliza e exclui os que têm mais limitações para competir com os outros.

Ao longo da vida, todos estão sujeitos a adquirir algum tipo de limitação, seja ela física, sensorial ou cerebral. Por essa razão, entre outras, as dificuldades que passam as pessoas com deficiências devem ser de grande interesse social.

A Constituição Brasileira, baseada nos princípios fundamentais da democracia, reconhece os direitos de todos os cidadãos, condenando toda e qualquer tipo de discriminação. As pessoas com deficiências têm o direito à educação, saúde, esporte, cultura, informação, transporte e acessibilidade, como todo cidadão brasileiro.

É preciso garantir a oferta de educação de qualidade e sem discriminação para as pessoas com deficiência. Devemos lutar pela promoção da valorização das diversidades e o direito às salas de aulas regulares, independentemente da limitações. O objetivo é de integrar todos à comunidade onde estão inseridos.

É obvio que as barreiras físicas devem ser vencidas e os profissionais devem ser preparados para lidar com a diversidade, o que não quer dizer que, necessariamente, precisam se transformar em especialistas em cada deficiência.

É importante também o direito à acessibilidade, não só em áreas urbanas, edificações públicas e privadas e nos transportes, mas também o direito de ingresso às políticas públicas e ao mercado de trabalho. Não podemos esquecer do acesso à informação, já que ainda hoje muitos veículos de comunicação se esquecem das limitações dos surdos e mudos.

As pessoas deficientes não necessitam de piedade, mas de reconhecimento por parte da nossa sociedade e de garantia dos seus direitos. Nesse sentido, concordamos com o Frei Beto, quando ele diz que as pessoas deficientes deveriam ser denominadas “Portadoras de Direitos Especiais (PODE)”.

Sendo assim, devemos cobrar de nossos governantes menos discursos e mais ações eficazes que venham contribuir com o respeito à pessoa com deficiência  à diversidade social.

Ricardo Chiabai

(pai de criança com paralisia cerebral)

08/07/2012

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