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Estamos diante do maior movimento popular das últimas décadas, que demonstra nas ruas de várias cidades do país a insatisfação com os serviços públicos e a política brasileira. A educação esquecida, a saúde abandonada, a insegurança que nos assusta, a mobilidade urbana que não funciona, o poder público lento ou omisso nas ações, e o governo envolvido em corrupção levam a juventude a perder a esperança e a perspectiva de oportunidades.

São muitos os motivos dos protestos, mas fica nítida a insatisfação com o atual modelo político administrativo em todas as esferas de poder. Não é generalizando, acusando todos os políticos de corruptos e incompetentes, que conseguiremos mudar essa realidade. Dessa maneira vamos afastar definitivamente da vida pública todas as pessoas de bem. Não existe instrumento mais eficiente e eficaz contra o mau político do que o voto consciente e responsável. É com o verdadeiro exercício da cidadania que encontraremos o caminho para a manutenção da democracia. As regras eleitorais precisam ser debatidas e alteradas com a participação de toda a sociedade. Necessitamos de uma REFORMA POLÍTICA JÁ!

"O Gigante Acordou"? Acredito que o gigante Brasil abriu apenas um olho. Poderá abrir o outro, e acordar de fato, se esse movimento mudar verdadeiramente a consciência da maioria do povo brasileiro, principalmente dos jovens, quanto a necessidade de mais critérios e responsabilidade na escolha e fiscalização dos seus representantes políticos, nas próximas eleições.

A classe política também deve refletir sobre essa crise de representatividade no país e no mundo. É necessário e prudente mudar a relação com os eleitores, correspondendo aos verdadeiros anseios da sociedade. Não existe mais tolerância para a corrupção e incompetência no setor público que sempre resultam em promessas que não são cumpridas.

As manifestações da sociedade nas ruas do país são legítimas e necessárias. A liberdade de expressão tem que ser garantida. Apoio e participo dos protestos nas ruas, mas toda e qualquer forma de violência precisa ser evitada e combatida, pois coloca em risco a legitimidade do movimento e dá margem a desdobramentos indesejáveis para a nossa democracia. Os protestos são por direito, mas também é importante se lembrar dos nossos deveres como cidadão.

‘’Se queremos mudar o mundo, devemos começar por nós mesmos.’’ (Dalai Lama)

 

Ricardo Chiabai

Arquiteto, urbanista e vereador em Vila Velha

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Estamos vivendo um momento de total insegurança, que se arrasta por anos e que atinge todos os setores da sociedade, principalmente mulheres, idosos e crianças. Os jornais nos bombardeiam todos os dias com notícias de crimes das mais diferentes naturezas, consequência de leis ultrapassadas, impunidade, deficiências humanas e materiais das polícias e do sistema judicial.

De acordo com a nossa Constituição Federal, segurança pública é dever do Estado, mas deve ser compromisso de toda a sociedade. Somente a união de forças do município, governo estadual, federal e toda a sociedade civil pode trazer resultados satisfatórios no combate a violência.

O Espírito Santo está entre os Estados mais violentos do país. Vila Velha, vergonhosamente, ocupa o sétimo lugar no ranking das cidades mais violentas do Brasil. O caminho para solucionar essa problemática envolve os mais diversos setores da sociedade, não só a segurança pública e um judiciário eficiente, mas também demanda com urgência, profundidade e extensão a melhoria do sistema educacional, saúde, habitação, oportunidades de emprego, dentre outros fatores. Requer principalmente uma grande mudança nas políticas públicas e uma participação maior da sociedade nas discussões e soluções desse problema de abrangência nacional.

O legislativo municipal também precisa fazer a sua parte nessa luta. No mês passado, a Câmara Municipal de Vila Velha aprovou projeto de resolução nº 694/2013, de nossa autoria, criando a Comissão Permanente de Segurança Pública. O objetivo é legitimar ainda mais o legislativo da nossa cidade a contribuir com o combate à violência em Vila Velha.

A Comissão vai promover debates com autoridades e a sociedade por meio de audiências públicas em parceria com a Secretaria de Prevenção e Combate a Violência de Vila Velha e a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, incentivando e motivando os colegas vereadores à proposição de projetos de lei e indicações ao executivo municipal, buscando medidas e normas que possam trazer mais segurança para a nossa cidade.
O grande desafio é conduzir a sociedade canela verde a uma vivência segura, com tranquilidade nos espaços públicos e mais qualidade de vida.

RICARDO CHIABAI é arquiteto, urbanista e vereador em Vila Velha.
 

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Os protestos de tarifas de ônibus compõem uma bela equação: manifestantes à flor da pele + desorganização – inteligência x despreparo policial = caos. A expressão social põe a democracia em conflito: de um lado o direito de manifestação. Do outro, o de ir e vir e a ordem social.

Os atuais movimentos estudantis são instigantes. Diante dos aumentos salariais nas Câmaras, obras sem licitação para a Copa e escândalos de corrupção que envolvem direita, esquerda e ambidestros, os jovens politizados dedicam o mais poético silêncio. Mas, sabe-se lá por que, os ônibus exercem um fetiche no imaginário pseudorrevolucionário, fazendo com que centavos valham sangue, suor e lágrimas justamente de quem, muitas vezes, tem passe livre. Os scripts são os mesmos: o início pacífico logo se converte em abusos gerais e a inteligência foge de táxi. Os anos passam, as manifestações ligam o nada a lugar nenhum e, na oportunidade seguinte, os antirroletas repetem a estratégia falida: param o trânsito, são dispersos pela polícia e vão para casa postar fotos na internet, como bons cidadãos engajados.

São Paulo e Rio têm protagonizado praças de guerra, perdendo mais tempo com balas de borracha do que com propostas e debates sobre o tema. Não é preciso ser gênio para entender que a forma de manifestação é ineficiente e que arremessar pedras na polícia não reduz o preço de nada. A insistência no erro é como tocar sempre a mesma nota musical e esperar um som diferente.

É verdade que os militares agem de modo desproporcional e desnecessário. Porém, até isso alguns militantes têm colocado em xeque. Em São Paulo, jovens quebraram lixeiras, pontos de ônibus, vidros de bancos e até lançaram uma bomba caseira numa estação de metrô. Ora, são estudantes ou bandidos?

As lideranças, definitivamente, passam longe das salas de aula e expõem o oportunismo das bandeiras partidárias. Em São Paulo, entre o inexpressivo PSTU e o barulhento PSOL, a estrela do PT brilhava ofuscada pelo estranho fato de protestar contra o governo do próprio partido.

A condução das legendas e participação de radicais deixou clara a falta de espontaneidade dos atos, revelando que os confrontos são esperados, orquestrados e, porque não, desejados. No Rio, a polícia deteve 241 pessoas e encontrou coquetéis Molotov, álcool, fósforos, bombas caseiras, machados, lança-chamas e facas. É difícil crer que a população comum e pacífica saia de casa armada, com o rosto coberto e pronta para depredar o patrimônio público que ela mesma sustenta.

Enquanto isso, em Vitória, o silêncio do Movimento Estudantil é apenas uma questão de negócios. Durante três anos, parar a cidade foi quase uma tradição dos “estudantes”, que juravam que a tarifa era apenas uma de suas reivindicações. Diziam que os transtornos eram em nome da melhoria do transporte, da segurança nos coletivos e até mesmo da reativação do aquaviário. Bastou o governo conceder passe livre e pronto: os jovens encerraram suas tão complexas articulações.

A incoerência nas ações não escolhe capital: em 2012, um ônibus Transcol foi incendiado em Vitória. Nessa semana, coletivos foram pichados, janelas quebradas e pneus furados nas grandes metrópoles. Novamente, não é preciso consciência de classe para concluir que serão justamente as tarifas que pagarão pela depredação, dando ainda mais argumentos para as companhias de transportes.

Em meio à Copa das Confederações, o país vive a inconsequência de manifestantes capazes de incendiar barricadas ao lado de postos de gasolina. E também o despreparo policial para lidar com as movimentações. Assim, jornais de todo o mundo noticiam a guerra urbana, que já anunciou novos atos.

A consequência de tais eventos é como a ilógica equação dos protestos: imprevisível. Mas o resultado geral é um só: no fim, todos perdem. Só quem ganha é a história, que acumula mais um capítulo caótico que expõe erros profundos e cria um palco que poderia ter sido evitado com pequenas doses de bom senso e inteligência.

 

Gabriel Tebaldi, 20 anos, é estudante de História da Ufes

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O bom governante é aquele que consegue ser, ao mesmo tempo, executivo e estadista. O executivo, coordena sua equipe para que cuide do dia-a-dia da administração, ouvindo as necessidades imediatas da população, encontrando todos os meios para a desburocratização e agindo rápido, dando respostas imediatas aos problemas encontrados. O estadista, coordena para que sua gestão pense o futuro e desenvolva projetos estruturantes, de longo prazo, que na maioria das vezes não se acabam na própria gestão, mas que entram para a história pela iniciativa e pela coragem de começar algo que outro irá terminar.

 Uma boa gestão pública é feita com uma equipe dividida em três grandes áreas: aquela que cuidará das ações cotidianas, aquela que pensará o futuro e cuidará dos projetos estruturantes e aquela que trabalhará para que a máquina pública funcione de forma eficiente e eficaz. E o segredo do sucesso é fazer com que as três áreas trabalhem de forma sinérgica e transversal.

 Para que se possa montar uma equipe assim, é fundamental ter um núcleo central que articule estrategicamente as ações e que coordene para que não haja duplicidade de ações – sempre desencontradas -, evitando desperdício de recursos.

 Uma boa idéia é juntar toda a equipe e fazer um “brainstorming”, deixando que todos apresentem todas as idéias de projetos e ações que acham que devam ser executadas. Após listar todos os palpites, separar em três blocos: um das ações e projetos que são de manutenção do dia-a-dia; um das ações e projetos que são de longo prazo; e um das ações e projetos que visem otimizar a máquina pública, eliminando-se todas as ações e projetos que tenham a mesma finalidade e que sejam duplicados. A próxima etapa é colocar, em cada um desses blocos, as ações e projetos em ordem de prioridade.

 Pronto, de forma rápida têm-se um Plano Estratégico e uma priorização na alocação de recursos. A partir daí, a gestão estratégica passa a monitorar e a cobrar os resultados de cada uma das três áreas. Isso dá tranqüilidade para o político que governa como executivo e como estadista, porque ele pode dialogar com a população de maneira mais clara e objetiva e gasta mais tempo comunicando do que se desgastando com problemas. E se for preciso, consegue desistir rapidamente de um ou outro projeto e/ou ação, tendo ainda uma boa lista de idéias que podem ser aplicadas ou adaptadas, conforme os interesses da sociedade.

 Essa forma de governar agiliza a administração e troca as intermináveis discussões por termináveis realizações. Ajuda a ter metas claras e de fácil compreensão.

 Um bom exemplo é um projeto de longo prazo que se tenha como prioridade:  Uma obra boa e barata precisa de um bom projeto executivo, que precisa de um bom projeto básico, que precisa de um bom termo de referência, que precisa de um bom estudo de viabilidade, que para acontecer precisa ser definido como meta a ser alcançada. Quanto mais rápido o governante decidir que aquele projeto deve ser executado, mais rapidamente a equipe consegue trilhar esse caminho e concretizar.

 Não é difícil! Basta perder dois dias dentro de um auditório e ganhar vários dias de execução, que poderiam ser perdidos por uma única razão: a indecisão de que rumo tomar.

  

Edna O’top, 52, é Ph.D. em Administração Pública.

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